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EUCLIDES ROXO

EUCLIDES ROXO

EUCLIDES ROXO (1890-1950)

 

Euclides de Medeiros Guimarães Roxo, protagonista de significativas mudanças no ensino da Matemática, nasceu em 10 de dezembro de 1890, em Aracaju, estado de Sergipe e faleceu no dia 21 de setembro de 1950 na cidade do Riode Janeiro e se distingue como um dos primeiros educadores matemáticos brasileiros (VALENTE, 2005). Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 19l6. Durante o período de 1904 a 1909, estudou no internato do Colégio Pedro II, bacharelando-se em Ciências e Letras pelo Colégio Pedro II[1]. (DUARTE, 2019).

Antes mesmo de concluir seu curso de engenharia, lecionava desde 1915, Aritmética no Colégio Pedro II, e, desde 1919, Geometria na Escola Normal do Distrito Federal. Apesar de jovem, Euclides Roxo já possuía títulos que destacavam sua competência como professor, razão pela qual foi empossado no cargo de professor catedrático de Matemática do Externato do Colégio Pedro II em 2019; Diretor do Externato, a partir de 1925 e Diretor do Internato dessa mesma instituição escolar, de 1930 a 1935. Desempenhou, ainda, a partir de 1929, a função de membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Educação, sendo eleito presidente da Seção de Ensino Secundário dessa Associação em 1931 (VALENTE, 2005).

Euclides Roxo foi autor de vários livros didáticos, dentre os quais, “Lições de arithmetica”; “Curso de matemática elementar”, (DUARTE, 2002). Em 1937, publicou “A matemática na educação secundária”, obra em que expõe suas propostas para o ensino da Matemática, apropriadas das ideias renovadoras defendidas pelo Movimento Internacional de Reforma do Ensino de Matemática, em voga no início do século XX, quando deu destaque a trechos de obras de diversos professores, psicólogos e de renomados matemáticos.

Em janeiro de 1925, passou a vigorar no Brasil a Reforma João Luiz Alves, também conhecida como “Reforma Rocha Vaz”, por meio do Decreto n. 16782-A de 13 de janeiro daquele ano (BRASIL, 1925), (https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/104707). No que tange ao ensino secundário, essa Reforma instituiu a frequência obrigatória dos alunos secundaristas em todas as disciplinas e em todos os anos escolares. Criou, ainda, o Conselho Nacional de Ensino (CNE) que, conforme seu Art. 22, ficava incumbido de “propor reformas e melhoramentos necessários ao ensino e dar parecer sobre dúvidas suscitadas na interpretação e aplicação de leis ao mesmo relativos” (BRASIL, 1925, p. 9). Ainda de acordo com a Reforma Rocha Vaz, a comissão do ensino secundário do CNE deveria ser presidida pelo diretor da Congregação do Colégio Pedro II e composta por catedráticos escolhidos pelos membros daquela Congregação. Assim sendo, naquela época, o Colégio Pedro II exercia a função de comando determinador das questões referentes ao ensino secundário, configurando-se no próprio órgão oficial do Governo Federal.

Euclides Roxo, na qualidade de professor catedrático e Diretor do Externato do Colégio Pedro II, fazia, portanto, parte do CNE, e, em consequência, estava oficialmente autorizado a propor reformas e pareceres referentes ao ensino secundário no Colégio Pedro II. Experiente professor, renomado autor de livro didático e estando sempre atualizado em relação às novas tendências pedagógicas internacionais, Euclides Roxo, amparado pela Reforma Rocha Vaz, propôs à Congregação do Colégio Pedro II, a criação da disciplina Matemática, oriunda da junção das disciplinas Aritmética, Álgebra e Geometria, que até então eram ensinadas em separado, cada uma delas contando com livros didáticos distintos e cujos professores prestavam concursos independentes. Essa proposta foi lavrada em ata da Congregação do Colégio Pedro II, realizada na Sala das Sessões e assinada pelos professores presentes, em 14 de novembro de 1927 (ATA 32-2, 1927), (https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/230007).

As ideias modernizadoras presentes nessa proposta foram apropriadas dos métodos de ensino defendidos pela Comissão Internacional sobre o Ensino de Matemática, durante o IV Congresso Internacional de Matemática realizado em 1908, em Roma. Ao propor esta modificação no ensino secundário, Euclides Roxo baseou-se nos preceitos ditados por essa Comissão que, presidida pelo matemático Felix Klein (1849-1925), tinha como objetivo discutir e tentar solucionar as dificuldades no ensino da Matemática (VALENTE, 2004).

Em sua exposição de motivos, fez uso de considerações, de que “[...] um dos pontos capitaes da nova orientação está em acabar com a divisão da sciencia mathematica em partes distinctas e separadas (Arithmética, Álgebra, Geometria)” (ATA 32-2, 1927, p. 66). Cita também o professor argentino Jorge Duclout:

 

[...] à luz das modernas ideas pedagógicas, a sciencia mathematica sob as suas três faces, numérica, symbólica e gráphica - é uma só, e não é conveniente sob o ponto de vista didático, separá-la por divisões estanques ou dogmáticas em arithmética, álgebra e geometria, mas antes convém, tanto quanto possível, expôr os mesmos princípios sob os três pontos de vista, dando forma concreta ao ensino, procurando, em uma palavra, fazer entrar a mathemática "pelos olhos", até que o alumno se ache bastante exercitado para tratar as questões de um modo abstrato (ATA 32-2, 1927, p. 66).

 

Cita também Bechara Branford: “[...] a mathemática é uma verdadeira unidade, e como tal, deve ser desenvolvida desde o começo sendo a Geometria o fluido unificador (unifing fluid) que corre atravez do conjuncto”. Considerando ainda que [...] a “seriação das materias Arithmética, Álgebra e Geometria no curso do Colégio Pedro II é, como se vê, antiquada, pois não permitte a adopção da orientação pedagógica actualmente aceita em quasi todo o mundo”, propôs que o Governo modificasse a distribuição das matérias de modo que, do primeiro ao quarto ano, o estudo da Aritmética, Álgebra, Geometria e Trigonometria se daria sob a denominação única de Matemática (ATA 32-2, 1927, p. 66-67). Ainda, na ata do Colégio Pedro II lavrada no dia 18 de junho de 1928, encontra-se registrado que foram lidos

 

[...] offícios da Associação Brasileira de Educação e do Departamento Nacional de Ensino nos quaes respectivamente comunicam aprovar a orientação da Congregação do Collégio Pedro II e especialmente ao professor Euclydes Roxo relativo ao ensino da Mathemática nos cursos secundários (ATA 33-5, 1928, p.79)(https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/229981).

 

 

Em 15 de janeiro de 1929, por meio do Decreto 18 564, (https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18564-15-janeiro-1929-502422-publicacaooriginal-1-pe.html) o então presidente da República, em seu Art. 1°, aprovou a alteração da seriação do curso secundário, proposta pela Congregação do Collegio Pedro II e homologada pelo Conselho Nacional de Ensino, em que consta a disciplina Matemática do primeiro ao quarto ano do curso secundário. Dessa forma, a disciplina escolar denominada Matemática foi oficializada.

Em setembro desse mesmo ano, Euclides Roxo lançou o livro didático “Curso de matemática elementar” volume 1, destinado aos alunos do primeiro ano do ensino secundário, pois havia a pretensão de que essa reforma fosse implantada de forma gradativa, principiando com os alunos do primeiro ano e, a partir de 1930, os do segundo ano e, assim, sucessivamente. Fundamentado nas recomendações do Movimento Internacional de Reforma do Ensino de Matemática, o novo livro seguia a mesma orientação do programa recém-aprovado no Colégio (DUARTE, 2019). No referido livro didático, Roxo apontou as principais características necessárias para a renovação desse ensino:

 

[...] a fusão dos diferentes ramos da Matemática: a Aritmética, a álgebra e a Geometria, interligando-os em uma única disciplina; a introdução precoce da noção de função, especialmente sob a forma gráfica; o abandono, em parte, da rígida Geometria euclidiana, “com a introdução da ideia de mobilidade de cada figura, por meio da qual em cada caso particular, se torna compreensível o caráter geral da Geometria” [grifo do autor] (ROXO, 1929, p.8); introdução das noções de coordenadas e de Geometria analítica, que são acessíveis aos alunos desde as primeiras séries; introdução das noções de cálculo diferencial e integral, ainda que faltasse a base rigorosamente lógica, pois esta seria suprida com o processo intuitivo; ainda em conexão com o estudo da Geometria elementar, desenvolver o ensino do desenho projetivo e da perspectiva; o ensino dos conceitos deveria obedecer a uma sequência que facilitasse o aprendizado dos conteúdos da Matemática; a introdução do método de laboratório, que tem como propósito levar o aluno à descoberta de fatos matemáticos, de modo que áreas, volumes comprimentos e ângulos, fossem determinados por meio de experiências executadas pelos alunos; utilização de réguas graduadas, compassos, instrumentos de medir ângulos, papel milimetrado, balanças, termômetros, alavancas, polias, aparelhos de demonstração, figuras e sólidos de vidro, de fios de seda, etc., como recursos que, aliados ao método heurístico, permitem a experimentação e auxiliam na descoberta, além de dar mais vivacidade e tornar mais interessante o ensino, ajudando o aluno a adquirir de modo suave, a abstração Matemática; desenvolver o método histórico, sustentando que os professores deveriam ter uma base sólida em História da Matemática, “princípio francamente reconhecido, mas raramente respeitado” (DUARTE, 2002, p.96).

 

O ”Curso de matemática elementar” foi recebido com elogios por parte de renomados professores. Por exemplo, o professor Everardo Backheuser recomendou que a Associação Brasileira de Educação manifestasse “[...] publicamente seu aplauso ao Dr. Euclides Roxo por haver corajosa e brilhantemente empreendido a publicação de uma obra de matemática pondo a sua didática de acordo com a mais moderna e melhor orientação da disciplina” (HOMENAGEM..., 1930, p. 263).

Surgiram, também, fortes críticas por parte daqueles ligados ao ensino tradicional da Matemática, a maioria delas publicadas no Jornal do Commercio. Neste mesmo jornal, de 30 de novembro de 1930 a 1º de março de 1931, Euclides Roxo publicou uma série de artigos intitulados “O ensino da matemática na escola secundária”, defendendo sua adesão ao movimento de modernização do ensino da Matemática (DUARTE, 2019).

Em 25 de outubro de 1930, um dia após ser instalado o Governo Provisório de Getúlio Vargas, Euclides Roxo pediu demissão do cargo de Diretor do Externato do Colégio Pedro II, manifestando-se contrário à Revolução. Em seu discurso de despedida, fez apelo emocionado aos educadores para que formassem pessoas de “alta mentalidade cívica e de uma envergadura moral que permita possa o Brasil ainda algum dia resolver as suas questões políticas sem a intervenção das ‘pontas de lança’ nem das ‘patas de cavalo’... (ROXO, apud DUARTE, 2019).

Entretanto, sua competência conseguiu sobrepujar diferenças político-ideológicas, quando aqueles que estavam à frente da Revolução cuidaram de convocá-lo para elaboração de uma reforma educacional abrangente, como política educacional de Estado. Assim, Francisco Campos (1891 – 1968), recém-empossado Ministro da Educação e Saúde Pública, convidou Euclides Roxo para assumir o cargo de diretor do Internato do Colégio Pedro II, cargo esse que ocupou de 1930 a 1937. Em nota à imprensa, o Ministério da Educação justificou o convite pelo fato de Euclides Roxo haver “dado provas de grande capacidade administrativa na direção do Externato [...] empreendeu excelente reforma técnica e material no estabelecimento a cuja frente se encontrava” (ROXO, apud DASSIE, 2008, p. 246).

Em 1931, foi convidado por Francisco Campos para compor a comissão que iria elaborar os programas da primeira reforma que estruturou nacionalmente o ensino, conhecida como “Reforma Francisco Campos” (BRASIL, 1931), (https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19890-18-abril-1931-504631-publicacaooriginal-141245-pe.html). Euclides Roxo acabou por aceitar a empreitada, sendo responsável por elaborar o programa de Matemática do ensino secundário (VALENTE, 2005). Pouco antes da promulgação da Reforma Francisco Campos, em 17 de janeiro de 1931, o Jornal A Noite publicou a matéria intitulada “A elaboração da reforma do ensino”, no qual informa que

 

Com o Dr. Francisco Campos, ministro da Educação, conferenciaram, hoje, os Drs. Euclydes Roxo, diretor do Internato Pedro II; Delgado de Carvalho, diretor do Externato do mesmo collegio; Lourenço Filho, diretor da Instrução de S. Paulo; e Hahnemann Guimarães, assistente técnico do ministério.

Essa conferência versou sobre a elaboração da reforma do ensino da República, tendo aquelles professores trocado idéas e combinado medidas com o ministro acerca das modificações a serem feitas no ensino secundário (A NOITE, 1931, p.3), (http://memoria.bn.br/pdf/348970/per348970_1931_06877.pdf).

 

Era, portanto, público e notório que Euclides Roxo mostrava-se comprometido com sua atuação na elaboração da referida Reforma. Em sua obra “A matemática na educação secundária” Euclides Roxo ratifica/confirma sua participação:

 

Em 1928 propuzemos à Congregação do Colégio Pedro II a modificação dos programas de matemática, de acordo com a orientação do moderno movimento de reforma e a conseqüente unificação do curso em uma disciplina única, sob a denominação de matematica, lecionada em 5 ânos, passando de então por deante a haver apenas exâmes de matematica nas diversas series do curso. A Reforma FRANCISCO CAMPOS adotou o nosso ponto de vista que até hoje vigora [Grifos do autor], (ROXO, 1937, p. 152-153).

 

Nesse sentido, ainda que tivessem ocorrido severas críticas por parte de seus colegas professores, Euclides Roxo foi responsável pela redação dos programas e das instruções pedagógicas para o ensino de Matemática do curso secundário (DUARTE, 2019). Assim, a nova disciplina escolar, já em vigor no Colégio Pedro II, passou a ser obrigatória em todo país, a partir de apropriações do movimento internacional efetuadas por Euclides Roxo.

Com efeito, a Reforma Francisco Campos determinou profundas modificações no ensino secundário brasileiro. O ensino secundário dividiu-se em curso fundamental, com duração de cinco anos e curso complementar, de dois anos. A disciplina Matemática passou a constar em todas as séries, ideia defendida por Roxo e presente nos programas do Colégio Pedro II.

Houve, então, a necessidade de novas orientações pedagógicas, para atender a um público diferente daquele até então existente, posto que os alunos ingressariam no primeiro ano do ensino ginasial com idade aproximada de 9 a 10 anos e gradativamente iriam alcançar as outras séries. Conforme constata Valente (2017), a nova disciplina Matemática e as propostas de renovação de seu ensino foram frutos das atividades docentes do professor Euclides Roxo, embasadas nas discussões internacionais daquela época, e se constituíram em importante etapa de elaboração de uma “matemática para ensinar” (p. 220).

Gustavo Capanema (1900- 1985) comandou o ministério da Educação e Saúde de 1934 a 1945. Elaborou a Lei Orgânica do Ensino Secundário, (Decreto-Lei 4244 de 9 de abril de 1942), conhecida como Reforma Capanema. Para o ensino secundário, foram instituídos dois ciclos, sendo que o primeiro, denominado “ginasial”, com duração de 4 anos e o segundo, dividido em dois cursos paralelos, ambos com duração de 3 anos, denominados “clássico” e “científico”. Além disso, essa Lei determinava que os programas das disciplinas deveriam ser organizados por uma comissão geral (BRASIL, 1942a), (https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-4244-9-abril-1942-414155-publicacaooriginal-1-pe.html ).

Em obediência ao Decreto-Lei 4244, foi exarada a Portaria Ministerial 101 de 27 de abril de 1942, a qual trata da constituição de uma comissão com a finalidade de elaborar os programas de cada disciplina do curso ginasial, devendo cada um deles conter duas partes: o sumário e a indicação de suas finalidades educativas. Dentre os professores convidados, consta o nome de Euclides Roxo (BRASIL, 1942b), (https://www.jusbrasil.com.br/diarios/2284478/pg-7-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-28-04-1942 ).

Assim, em 1942, Euclides Roxo elaborou propostas de programas de Matemática para o curso secundário, cujas cópias foram enviadas para diversos educadores para serem analisadas. Posteriormente, esses pareceres retornavam para Euclides Roxo para ciência e procedimento das alterações convenientes. Então, repetia-se o processo, consultando os outros educadores sobre os argumentos apresentados. Ainda, por meio de cartas ao Ministro, educadores defendiam seus pontos de vista, de modo que os programas de Matemática expedidos nessa Reforma resultaram desse processo. (CPDOC/ GC g 1941.09.03/1, p. 61-69; p. 124-150), (https://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=ARQ_GC_G&hf=www.fgv.br%20&pagfis=63511).

Assim, na Reforma Capanema, as ideias defendidas por Euclides Roxo para o ensino de Matemática no Curso Secundário não foram mantidas em sua totalidade. O ensino simultâneo da aritmética, álgebra e geometria, em torno da noção de função como ideia unificadora do ensino da Matemática, não estão presentes nos programas de Matemática aprovados. Foram mantidos, entretanto, o curso propedêutico de geometria intuitiva para os primeiros dois anos do primeiro ciclo e a geometria dedutiva para os anos seguintes desse ciclo; a aritmética teórica, o cálculo infinitesimal e o estudo das funções permaneceram, passando para o segundo ciclo (DASSIE, 2008).

Alguns educadores também defendiam que os conteúdos de Matemática deveriam ser distribuídos em compêndios, ao invés de ser adotado um compêndio para cada série. Esse entendimento foi contestado por Euclides Roxo, então presidente da Comissão Nacional do Livro Didático, em carta enviada ao Ministro Capanema em 30 de novembro de 1942, justificando que, “Apesar da forte oposição [...], manteve V. Ex. o ensino simultâneo da Aritmética e da Geometria nas duas primeiras séries, bem como o da Álgebra e da Geometria nas duas últimas”. E questionou: “como terá o estudante a ideia de que ‘A Matemática é um todo harmônico’ se ele recebe, para estudá-la dois compêndios: um de Aritmética, outro de

Geometria; ou um de Álgebra e outro de Geometria?” (CPDOC/G.C. 1941.09.03, p.259), (https://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=ARQ_GC_G&hf=www.fgv.br%20&pagfis=63709). Capanema concordou com Roxo, aprovando a adoção de um compêndio por série, de modo que, a partir da Reforma, observa-se a produção de dois tipos de coleções, uma para cada ciclo do ensino secundário (DASSIE, 2008).

Ao apropriar-se das discussões internacionais sobre o ensino da Matemática e defender práticas pedagógicas inovadoras, Euclides Roxo foi personagem determinante para a presença do componente curricular intitulado “Matemática”, ao invés do termo “Matemáticas”, enfatizando a ideia de que a Matemática é um saber unitário, (VALENTE, 2008).

Euclides Roxo detinha profundo conhecimento sobre o ensino de Matemática, era reconhecido como tal por seus pares, sendo constantemente chamado para ocupar cargos em instituições interessadas na produção de saberes, de modo que até hoje algumas de suas ideias continuam atuais, materializadas na adoção do ensino simultâneo e integrado de vários ramos da Matemática e na presença da Matemática em todas as séries da educação básica.

 

Referências

 

A NOITE. A elaboração da reforma do ensino, p. 3, 17 jan. 1931. Disponível em: < http://memoria.bn.br/pdf/348970/per348970_1931_06877.pdf>. Acesso em 10 ago. 2021.

ATA 32-2 de 14 de novembro de 1927, da Congregação do Colégio Pedro II. Rio de Janeiro, 1927. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/230007. Acesso em 11 nov. 2021.

ATA 33-5 de 18 de junho de 1928, da Congregação do Colégio Pedro II. Rio de Janeiro, 1928. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/229981. Acesso em 11 nov. 2021.

BRASIL. Decreto n. 16.782-A de 13 de janeiro de 1925. Reforma Rocha Vaz. Coleção de Leis do Império e da República, 1925. Disponível em: < https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/104707>. Acesso em: 30 jul. 2011. Acesso em: 20 abr. 2021.

BRASIL. Decreto nº. 18.564 de 15 de janeiro de 1929. Altera a seriação do curso do ensino secundario no Collegio Pedro II, 1929. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18564-15-janeiro-1929-502422-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em 21 jan. 2021.

BRASIL. Decreto n. 19.890, de 18 de abril de 1931. Reforma Francisco Campos. Dispõe sobre a organização do Ensino Secundário, 1931. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19890-18-abril-1931-504631-publicacaooriginal-141245-pe.html. Acesso em 21 jan. 2021.

BRASIL. Decreto-Lei n. 4.244, de 9 de abril de 1942. Reforma Gustavo Capanema. Lei Orgânica do Ensino Secundário. Coleção de Leis do Império e da República, 1942a. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-4244-9-abril-1942-414155-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 30 jun. 2021.

BRASIL. Portaria Ministerial n. 101 de 27 de abril de 1942. Constitui comissão para elaboração de programas para o curso ginasial. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Rio de Janeiro, DF, 28 de abril de 1942, Seção 1, 1942b. Disponível em https://www.jusbrasil.com.br/diarios/2284478/pg-7-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-28-04-1942. Acesso em 30 jul. 2021.

CPDOC/ GC g 1941.09.03/1. Arquivo Gustavo Capanema: inventário analítico. Disponível em https://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=ARQ_GC_G&hf=www.fgv.br%20&pagfis=63511. Acesso em 10 jul. 2021.

CPDOC/G.C. 1941.09.03. Arquivo Gustavo Capanema: inventário analítico. Disponível em https://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=ARQ_GC_G&hf=www.fgv.br%20&pagfis=63709. Acesso em 10 jul. 2021.

DASSIE, Bruno Alves. Euclides Roxo e a constituição da educação matemática no Brasil. 2008. 271 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em https://app.uff.br/riuff/handle/1/9522. Acesso em 20 out. 2021.

DUARTE, Aparecida Rodrigues Silva. Henri Poincaré e Euclides Roxo: subsídios para a história das relações entre filosofia da matemática e educação matemática. 2002. 180f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Programa de Estudos Pós-graduados em Educação Matemática. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002.

DUARTE, Aparecida Rodrigues Silva. Euclides Roxo e a proposta modernizadora do ensino da matemática. Com a Palavra o Professor. Vitória da Conquista, v.4, n.8, p. 300-317, jan.-abr., 2019. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/204944 >. Acesso em: 29 jan. 2021.

HOMENAGEM ao Dr. Euclydes Roxo. SCHOLA, Rio de Janeiro, Anno I, n. 8, nov., p. 263, 1930. Disponível em: < https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/160180>. Acesso em: 29 jan. 2021.

ROXO, Euclides de Medeiros Guimarães. A matemática na educação secundária. Rio de Janeiro: Editora Nacional, 1937. Disponível em:< https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/164378>. Acesso em: 29 dez. 2020.

VALENTE, Wagner Rodrigues (Org.). O nascimento da matemática do ginásio. São Paulo: Annablume, 2004.

VALENTE, Wagner Rodrigues. Do engenheiro ao licenciado: subsídios para a história da profissionalização do professor de matemática no Brasil, Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 5, n.16, p.75-94, set./dez. 2005. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/160365 >. Acesso em 27 jan. 2021.

VALENTE, Wagner Rodrigues. Os saberes para ensinar matemática e a profissionalização do educador matemático. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 17, n. 51, p. 207-222, jan./mar. 2017. Disponível em <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/174494>. Acesso em 27 jan. 2021.

 

Nota

 

[1] Esse colégio foi referência para outros estabelecimentos de ensino brasileiros, desde o ano de sua criação, em 1837. Nesse sentido, o Colégio Pedro II exerceu efetiva participação nas decisões governamentais acerca do ensino secundário, especialmente no Império e na Primeira República.

 

Aparecida Rodrigues Silva Duarte

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